Posto de Trabalho

Toda atividade de trabalho está inserida numa dada área, num certo espaço. O ambiente físico ou posto de trabalho, pode favorecer ou dificultar a execução do mesmo. Seus componentes podem ser fonte de insatisfação, desconforto, sofrimento e doenças ou proporcionar a sensação de conforto (Mascia & Sznelwar, 1996). As fotos abaixo mostram três postos de trabalho comuns na zona rural brasileira.
                                   Colheita                      Armazém                           Ordenha

A Portaria número 3751 de 23/11/90 criou a Norma Regulamentadora NR-17 (Ergonomia) do Ministério do Trabalho - MTE, que obriga as empresas regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT a realizar a Análise Ergonômica das Condições de Trabalho e a adequar as condições de trabalho a proporcionar conforto e segurança nas tarefas e atividades realizadas nos postos e ambientes de trabalho.
A Análise Ergonômica de que trata a Norma, diz respeito a 4 frentes:
  •  Levantamento, transporte e descarga individual de materiais;
  •  Mobiliário do posto de trabalho;
  •  Condições ambientais de trabalho; e
  •  Organização do trabalho.

Sobrecarga de Trabalho

O termo sobrecarga de trabalho, na zona rural, pode ter um dos seguintes significados:

1 - Mais de 8h/dia de trabalho ou mais de 40h/semana;
2 - Uso abusivo de horas extras trabalhadas num só dia;
3 - Emprego de criança(s) em trabalho(s) de adultos;
4 - Rotina de viúvas pobres, com filhos, no semi-árido; e
5 - Trabalho que ultrapassa os limites humanos.

trabalho infantil
Quando comparado à uma máquina, o homem pode ser substituído por um simples motor elétrico de 0,25 HP e a um custo muito menor. Contudo, o trabalho manual é parte importante das atividades agrícolas, como as que exigem o uso de ferramentas manuais e que máquina alguma pode substituir.
O trabalho seguro e prazeiroso nas atividades agrícolas, depende da compreensão dos limites humanos e da sua correta aplicação nas situações reais encontradas.


Esforço Físico

As Normas relativas à Ergonomia (NR-17) podem ser lidas aqui ou no site do Ministério do Trabalho - MTE e compõem-se de seis tópicos:
  • corte com motosserra 17.1 - Visa adaptar o trabalho ao homem
  •  17.2 - Levantamento, transporte e descarga de materiais
  •  17.3 - Mobiliário dos postos de trabalho
  •  17.4 - Equipamentos dos postos de trabalho
  •  17.5 - Condições ambientais de trabalho e
  •  17.6 - Organização do trabalho


O esforço físico despendido pelo agricultor no corte de árvores depende da ferramenta utilizada (machado ou motosserra), do seu posicionamento (no chão, como na foto ao lado, ou nos galhos como no caso das podas em cidades) e até das condições do terreno (seco ou pantanoso; plano ou inclinado).
O trabalho muscular exigido por esta atividade (de 4.000 a 5.000 Kcal/h), como citado na página de Trabalho sob o Sol, só é superado pelo dos atletas. Mesmo quando a atividade do corte de árvores é feita com o auxílio da motosserra, ela é considerada como de grande intensidade de esforço físico (ILO, 1968).
Transcrição do item 17.6.3 da Norma NR17 - Ergonomia. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:
a) para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
b) devem ser incluídas pausas para descanso;
c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento.


corredorAPUD (1989) afirma que a frequência cardíaca é um dos melhores métodos para avaliar a carga de trabalho em ambientes quentes e o esforço extra para a dissipação do calor gerado pelo corpo.
GRANDJEAN (1988) recomenda a frequência de 35 bpm (batimentos do coração por minuto), acima da frequência cardíaca em repouso, como um limite de atividade contínua para homens.
APUD sugere o limite de 40% da capacidade cardiovascular individual, como aceitável para o trabalho desenvolvido num turno de 8 horas. De modo geral, um período de descanso deve seguir os ciclos de trabalho e pausas curtas e frequentes são mais indicadas do que pausas longas em menor número (LAVILLE, 1977).